Atracção e repulsão
Efeito fonotrópico que, de forma incontrolada ou consciente, mobiliza a atenção.
Tanto a atracção como a repulsão têm não só um efeito mobilizador da atenção mas também, em certos casos, psicomotor. Ambos pressupõem uma variante da focagem, isto é, um direccionamento da atenção prolongada.
A atracção/repulsão envolve movimento involuntário do espectador. A focagem depende da vontade do espectador.
Os efeitos psicomotores da atracção/repulsão podem ser ligeiros (simples mudança de foco da atenção), medianos (virar a cabeça para ouvir melhor e observar a origem do som), ou extremos (atracção física ou, inversamente, fuga). Nalguns casos, devido a traumas anteriores, as reacções psicomotoras podem ser extremas e descontroladas, como sucede no caso de quem viveu cenários de guerra – basta um estouro modesto para atirar o ouvinte para debaixo duma mesa ou outro lugar de protecção. Augoyard coloca a questão nos seguintes termos:
«[…] A amplitude deste efeito pode variar desde a captação ligeira de interesse até à completa mobilização do comportamento. Nas ruas muito frequentadas, os cantores ou grupos musicais têm o objectivo de atrair a atenção de quem passa. Estas situações sonoras exercem-se em ruptura com o bruá circundante. Quando os campos acústicos de diferentes músicos se encavalitam, desaparece o desejado efeito de emergência. Uma sirene de alarme, que se destaca no contexto sonoro circundante e não pode ser vista, ilustra bem a dualidade atracção/repulsão que caracteriza a emergência de certos acontecimentos sonoros.»
— Jean-François Augoyard & Henry Torgue, Répertoire des Effets Sonores, 1995, p. 28
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