Coro ou chorus
Sobreposição de várias réplicas do mesmo som, de forma a criar um efeito coral.
O chorus (na designação anglófona e francófona), embora já existisse naturalmente em qualquer grupo musical analógico, é um dos paradigmas reinventados pela composição electroacústica. Embora possa parecer aparentado com certos modos de reverberação – na medida em que esta também pode sobrepor várias réplicas de um som –, distingue-se tanto na forma de produção, quanto no seu resultado qualitativo e perceptivo. A reverberação natural sobrepõe réplicas «tingidas» pelas superfícies circundantes, e por isso qualitativamente diferentes; mas a percepção, preparada à nascença para reconhecer a reverberação em todas as suas formas, não a confunde com o efeito coral.
O coro natural consiste na sobreposição de duas ou mais vozes (isto é, vozes humanas, violinos, etc.). Quanto mais vozes tiver o coro, mais as particularidades de cada voz desaparecem, para dar lugar a uma totalidade qualitativamente diferente das vozes individuais – ao mesmo tempo que subtrai o particular, oferece um ganho qualitativo global.
exemplo coral (a introduzir em breve)
ficheiro de som a introduzir em breve
comparação entre um som simples e um som coral
Num coro natural de origem humana, seja ele constituído por vozes humanas ou instrumentos musicais, cada elemento é único e distinto dos demais – difere sobretudo no timbre, mas também apresenta minúsculas variações na interpretação (intensidade, cadência, respiração, etc.), na fase e no tom (frequência). O ganho qualitativo global e a anulação das variações individuais traduz-se numa espécie de sublimação estética, do ponto de vista musical.
O coro artificial (electroacústico ou digital) toma um som único e sobrepõe-lhe várias réplicas ligeiramente desfasadas (centésimos de segundo), desafinadas (na ordem das décimas ou centésimas de Hz) e fora de fase, tentando reproduzir o que se passa num coro natural. Juntamente com a introdução artificial de reverberação, o chorus é um dos artifícios mais usados em estúdio, para dar «corpo» às vozes e aos instrumentos.
O ouvido humano tem especial acuidade à percepção de sons corais, sendo capaz de distingui-los em todas as suas variantes. Assim, por exemplo, sabemos distinguir, mesmo sem olhar, se estamos em presença do zumbido de uma abelha ou de um enxame compacto; e ainda que não consigamos calcular com precisão o número de elementos do coro, temos uma noção razoável do seu volume e composição.
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