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repertório dos paradigmas de som

Aspectos psicofisiológicos do som

Talvez estranhem que, propondo-me eu falar de acústica, comece por introduzir o tema da psicofisiologia. Porém, dada a abordagem aos paradigmas de som aqui proposta, outra coisa não faria sentido, como espero que se torne claro no final destas linhas.

Comecemos por comparar a audição e a visão, cujo funcionamento nos é bastante familiar.

Visão

Do ponto de vista mecânico, podemos comparar a visão ao funcionamento de uma câmara fotográfica:

Além destes aspectos físicos, existe um requintado aparelho de percepção (a parte do cérebro que selecciona a miríade de dados captados pelos olhos e lhes atribui um sentido). O aparelho perceptivo tem:

Audição

Ao contrário da visão, a mecânica da audição

Então, se os nossos ouvidos não têm pálpebras, se não podem desligar, se não podem focar um entre os milhares de sons que nos chegam constantemente aos ouvidos, como conseguimos sobreviver? Como se explica que não enlouqueçamos com a avalanche de dados que nos entra pelos ouvidos a cada milésimo de segundo, acordados ou a dormir? A resposta a esta pergunta está no trabalho da percepção, e não na mecânica do ouvido interno.

Esta conclusão é crucial para compreender a abordagem multidisciplinar e a nossa recusa de aceitar a acústica e a música como únicas perspectivas válidas para o entendimento do universo sonoro.

Sendo a percepção o instrumento decisivo na escuta do mundo que nos rodeia, segue-se que a questão fundamental a indagar reside na formação do sentido atribuído aos sons que chegam até nós. Ora a formação de sentido não depende apenas de factores subjectivos (caso em que duas pessoas diferentes nunca ouviriam a mesma coisa): os factores sociológicos, culturais, políticos, enfim, o conjunto das relações sociais, unem-se aos factores puramente subjectivos, para dar sentido ao que ouvimos.

 

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